Brasil antecipa metas para fontes renováveis
Alvo de um acordo entre Brasil e Estados Unidos, a geração de energia por fontes renováveis explodiu no país nos últimos anos -devido, principalmente, aos investimentos na produção de etanol e em usinas eólicas.
Atualmente, a participação dessas fontes na matriz energética brasileira é tão grande que a meta desse acordo, considerada ousada para os padrões americanos, deve ser atingida já nesta década.
O anúncio conjunto feito por Dilma Rousseff e Barack Obama estabelece que, em 2035, a matriz energética de ambos os países deve ter uma participação entre 28% a 32% de fontes renováveis. Hoje, a matriz brasileira já tem um índice de 27,9%, segundo dados de 2014, compilados pelo Instituto Acende Brasil.
A conta exclui as hidrelétricas, que, embora sejam renováveis, têm um impacto ambiental significativo.
Caso elas tivessem sido consideradas no cálculo, as fontes renováveis já deteriam uma participação de 39,4%.
Os recursos considerados no cálculo são madeira de reflorestamento, derivados de cana-de-açúcar (etanol e biomassa), eólica, solar e outras que ainda são insípidas no Brasil, como a geração de energia a partir de ondas oceânicas.
"O movimento natural é de crescimento do uso dessas fontes. É só não deixar piorar que já atenderemos essa meta 15 anos antes do prazo", diz Cláudio Salles, presidente do Instituto Acende Brasil.
Para Mathias Becker, presidente da Renova Energia, a política em torno do crescimento das fontes renováveis na matriz energética brasileira é consistente e dará condições para uma participação ainda maior.
"Vemos que, mesmo com o país em crise, a cadeia industrial de geradores eólicos está crescente. Hoje, essa cadeia já emprega 50 mil pessoas e esperamos que até 2020 surjam mais 280 mil postos", afirma.
Risco
Um desafio adicional é elevar para 20% a participação dessas fontes na geração de eletricidade. Para que as metas sejam cumpridas e o sistema elétrico não sofra com a vulnerabilidade dessas fontes, é preciso planejamento.
Como a intensidade dos ventos e da luz solar são variáveis e intermitentes, há risco para o sistema caso o uso dessas fontes se tornem determinantes para a segurança energética do país.
Além disso, o maior potencial desses tipos de geração está no Nordeste, o que exigiria um plano para expandir a transmissão de energia da região para outras com maior demanda, como o Sudeste.
Hoje, de toda a capacidade de produção brasileira, as fontes eólica, solar e biomassa respondem por 14%, enquanto hidrelétricas e termelétricas detêm 86%.
De acordo com os projetos em andamento já licitados, em 2020 essa relação pode mudar para 18,4% e 81,6%, deixando o Brasil mais perto de atingir a meta.
Fonte: Folha de S. Paulo via Portal Cana Online