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Cana-de-açúcar pode compensar falta de água dos reservatórios para geração de energia

Produção de energia elétrica oriunda do bagaço da cana-de-açúcar é uma alternativa confiável

A Agência Nacional de Águas (ANA) revela em levantamento recente que seis das principais bacias hidrográficas do país sofrem com escassez de chuva. Um problema que afeta diretamente 40 milhões de brasileiros – 20% da população do país – de nove estados mais o Distrito Federal. A produção de energia elétrica oriunda do bagaço da cana-de-açúcar é uma alternativa confiável.

“O Brasil está em um momento de necessidade de diversificar sua matriz energética, hoje concentrada nas hidrelétricas, que respondem por 76% de nossa geração. Dados comparativos mostram que de 2012 para 2013 houve um crescimento de 35% da energia gerada pelas usinas à biomassa, que utilizam bagaço de cana, cavaco de madeira e biogás. As usinas de álcool que estão comercializando energia elétrica estão auferindo uma receita adicional significativa neste momento em que os valores do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) estão em alta”, destaca Danielle Limiro, sócia da B2L Investimentos S.A, advogada especialista em bioenergias.

O bagaço da cana-de-açúcar é uma biomassa de alta qualidade. Ele pode ser transformado quase que totalmente em energia elétrica aproveitável através de processos industriais. Entre abril e novembro – exatamente o período sem chuvas – é quando geralmente as usinas estão moendo a cana para produzir açúcar e etanol e, consequentemente, podendo gerar energia elétrica através da queima do bagaço. Este recurso poderia ser melhor aproveitado, poupando água das represas, no período crítico de estiagem, evitando o risco de racionamento de energia.

O Brasil tem condições de produzir um volume considerável de eletricidade por meio da biomassa. Se hoje todas as quase 350 usinas utilizassem o bagaço da cana para gerar energia, juntas poderiam gerar 15.300 megawatts (MW), o equivalente a mais do que gera a Usina de Itaipu. Porém, a realidade, é que hoje, esse tipo de energia equivale a apenas 5% do total que é consumido no país.

O gerente em bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, revela que só em São Paulo a representatividade da bioeletricidade ofertada à rede elétrica pelas usinas paulistas poderia chegar a quase 50%, se houvesse uma política de incentivo para investimentos nessa fonte. “Se isto ocorresse, nossa oferta para a rede seria quatro vezes superior à realizada na safra passada e tudo isto com uma biomassa já existente nos canaviais, apenas promovendo o retrofit (reforma) das usinas e o aproveitamento parcial da palha na geração”, explica.

“ É necessária a criação de um Programa contendo uma diretriz de longo prazo para a matriz de combustíveis, com metas em relação à demanda e oferta das diversas fontes de energia”, explica a consultora da B2L.

Danielle Limiro sugere ainda, como soluções viáveis, a criação de uma diferenciação tributária entre os combustíveis renovável e fóssil, seja através do restabelecimento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) ou por meio da instituição de outro tributo federal de natureza ambiental para a gasolina; o estímulo à busca de maior eficiência dos motores de veículos flex no uso do etanol hidratado como combustível – aumentando assim a competitividade do biocombustível em relação à gasolina; a adequação dos leilões de energia elétrica, viabilizando a bioeletricidade oriunda da biomassa da cana-de-açúcar através da valorização dos atributos ambientais, elétricos e econômicos.


Fonte: Universo Agro