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Cautelosa, Raízen apresenta desenvolvimento do etanol celulósico em sua usina

Esqueça, por hora, o sonho de que serão construídas dezenas de usinas de etanol de segunda geração nos próximos anos. Essa esperança fez parte da euforia desmedida da primeira fase do etanol celulósico no Brasil – e no mundo.
 
A cautela agora é a ordem nas declarações dos envolvidos com o novo biocombustível da cana. A Raízen deu detalhes sobre o desenvolvimento da tecnologia na usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP), em declarações a jornalista Camila Ramos, do Valor Econômico.
 
O plano da empresa de ter uma nova usina em 2016 e construir outras seis unidades de etanol celulósico deu lugar a uma posição mais comedida. De acordo com o Valor, a Raízen julga que só estará pronta para construir uma segunda usina quando conseguir escala maior de produção. “Precisamos ter volume na planta para sermos viável comercialmente e termos retorno financeiro no longo prazo”, destaca o diretor de operações da companhia, João Alberto Abreu.
 
Entre os dados que a Raízen divulgou ao Valor Econômico estão os avanços no desenvolvimento da tecnologia e os atuais gargalos que a empresa está tentando superar.
 
Avanços
 
Segundo a Raízen, entre o início da temporada atual e a primeira semana de outubro, a usina produziu 4,5 milhões de litros de etanol anidro. O volume, que foi destinado à exportação, condiz com uma estimativa anterior, que apontava uma produção aproximada de 1 milhão de litros em 2015.
 
Segundo Abreu, a unidade pode encerrar a safra 2016/17 com 6 milhões de litros de etanol, mas haveria espaço para chegar a até 8 milhões de litros. A capacidade anual instalada da fábrica é de 42 milhões de litros. Embora o volume ainda esteja distante do que as instalações permitem, a perspectiva seria de um aumento contínuo. Para a safra 2017/18, o objetivo é alcançar de 15 a 20 milhões de litros.
 
Eficiência
 
Abreu, contudo, adiantou ao Valor Econômico que a Raízen já estaria próxima da eficiência pretendida, que seria de 290 litros de etanol por tonelada de biomassa seca. No ano passado, a companhia conseguiu produzir 91 litros por tonelada.
 
Segundo ele, desde o início da safra, a usina de E2G conseguiu ter uma produtividade média de 167 litros de etanol para cada tonelada e, recentemente, alcançou um índice de 211 litros por tonelada.
 
Preço
 
Ainda na entrevista ao Valor, o diretor da Raízen afirmou que, se a companhia utilizasse toda a capacidade da planta mantendo o atual nível de eficiência, o custo de produção seria 50% maior que o etanol de primeira geração.
 
Por mais que esse número não pareça competitivo, ele é animador na comparação com os resultados do ano passado, quando a diferença era de 300%.
 
Desafios
 
Mesmo que os resultados deste ano tragam uma perspectiva otimista, Abreu pondera que ainda há passos a serem dados, como o desenvolvimento de enzimas mais fortes para "quebrar" as moléculas de biomassa. Até o momento, o pré-tratamento tem sido uma das etapas mais problemáticas da fabricação de etanol em escala comercial, sendo frequentemente citado como um dos maiores gargalos das usinas em funcionamento.
 
Abreu também cita a necessidade do desenvolvimento de um filtro para separar melhor a lignina, que é um subproduto do processo e que pode até ter valor comercial por seu elevado potencial energético.
 
Fonte: Valor Econômico via Nova Cana