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Consultoria eleva estimativas para déficit mundial de açúcar

A produção brasileira de açúcar enfrenta condições um pouco mais adversas que o esperado, o que deverá agravar o déficit de oferta mundial tanto na safra atual como na próxima, segundo a consultoria Datagro. A empresa atualizou suas projeções de oferta e demanda e previu dois déficits mundiais seguidos, o que somaria um volume recorde.
 
A consultoria estima que, na safra global atual (2015/16), que termina em setembro, o consumo será 7,72 milhões de toneladas superior à produção global, ante projeção anterior de 6,21 milhões de toneladas. Para a próxima temporada (2016/17), a Datagro estima um déficit de 8,89 milhões de toneladas, contra 7,71 milhões previstas anteriormente.
 
Segundo Plinio Nastari, presidente da consultoria, o volume acumulado de déficit entre as duas temporadas será o maior da história. A única vez em que duas safras seguidas tiveram déficit próximo aos previstos agora foi entre 2008/09 e 2009/10. Na ocasião, os déficits foram de 7,42 milhões de toneladas e 1,66 milhão de toneladas, respectivamente.
 
Diante desse cálculo, a relação entre estoques de açúcar e uso deverá sair de 48,7% no fim da última safra global para 43,5% na atual, seguindo para 37,9% na próxima. De acordo com Nastari, o mercado sente um aperto na oferta quando essa relação fica abaixo de 41%.
 
A revisão da estimativa foi feita basicamente em função da projeção menor para a moagem de cana no Centro-Sul do Brasil, afetada pelo clima mais seco que o previsto nesta safra e pela ocorrência elevada de pragas, como broca e besouros, nos canaviais.
 
A consultoria cortou sua estimativa para a produção na região para 597,3 milhões de toneladas, a previsão anterior era de 625 milhões de toneladas. A produção de açúcar foi estimada em 34,1 milhões de toneladas, ante 35,2 milhões de toneladas projetadas anteriormente. Para a produção de etanol, a Datagro reduziu sua estimativa de 27,3 bilhões de litros para 26,1 bilhões de litros.
 
O clima seco tem permitido um rápido avanço da colheita, o que pode levar à retirada do campo de cana com menos de 12 meses de idade, patamar abaixo do qual a planta passa a ser menos produtiva, disse Nastari.
 
A consequência é que o teor de açúcar na cana ficará em 134,15 quilos por tonelada na safra brasileira atual (2016/17), o que representa uma queda de 2,4% sobre a temporada passada, e não mais um aumento de 1,3%, como se esperava. A rapidez da colheita também deve levar a um fim antecipado da moagem, entre novembro e início de dezembro.
 
A consultoria ainda estima que o Brasil exportará na safra nacional atual 27,01 milhões de toneladas de açúcar, sendo que o Centro¬Sul deve participar com 25,13 milhões de toneladas. 
 
Fonte: Valor Econômico via Revista Canavieiros