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Coplacana sugere novo boicote no fornecimento de etanol

A Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo) iniciou um novo movimento pela valorização da cana-de-açúcar e do etanol no mercado brasileiro.

A entidade propôs aos produtores, em evento sexta-feira (31/10), que adiem a safra com o intuito de pressionar o governo federal quanto a medidas para recuperação econômica do setor, que passa pela pior crise de sua história.

O adiamento da safra, que deve ocorrer entre o final de abril e início de maio do próximo ano, deixaria usinas sem ter como processar o produto e, consequentemente, fornecê-lo como etanol anidro a Petrobras — que o utiliza para mistura à gasolina.

O boicote à estatal já havia sido proposto pela cooperativa em julho deste ano, mas não foi aceito pelos usineiros, que alegaram já ter contratos firmados com a empresa para a colheita atual.

“A situação de todo o setor ligado à cana-de-açúcar é de dificuldade e precisamos de uma saída para essa grave crise instalada. Essa proposta de adiar a safra é uma forma de chamar a atenção do governo para que o setor tenha incentivos produtivos, caso contrário, ele irá quebrar”, afirmou o vice-presidente da Coplacana, José Coral (foto), que também preside a Afocapi (Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba).

Ele reforçou que a Coplacana apadrinhará essa medida, porém, é preciso que haja uma união de forças em prol do setor.

“Só a entidade de classe fornecedora de cana não seria suficiente para fazer essa pressão, nós precisamos de uma união de todos os setores e de uma liderança. É um movimento que precisa nascer organizado para que possamos ter resultados efetivos”, disse.

A proposta do boicote será levada aos participantes da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro- Sul do Brasil) em reunião em meados de novembro.

Após o encontro, a indústria deve ser contatada. Coral lembrou que, na primeira sugestão feita pela cooperativa, o setor industrial declinou da proposta devido aos contratos de compromisso de entrega do etanol para a Petrobras.

“A proposta surge agora, com muita antecedência, para que possa ser um grande movimento e para que realmente haja uma pressão visando uma política de valorização do setor sucroenergético, que gera renda, gera emprego e uma energia limpa para o país. A indústria, sabendo desse atraso na próxima safra, já se prepara e não assina os contratos de entrega com a Petrobras”, informou.

A interrupção no fornecimento de etanol provocaria a falta do combustível no mercado e afetaria a gasolina — que possui etanol anidro na composição —, o que obrigaria o governo a se posicionar e discutir medidas que possam viabilizar a recuperação do setor sucroalcooleiro.

Hoje, na região de Piracicaba, segundo a cooperativa, existem cerca de 5.000 produtores em atividade e o prejuízo, em cada tonelada de cana colhida, giraria em torno de R$ 8.

DESAFIOS — Dezenas de produtores e empresários participaram, na manhã de sexta-feira (31/10), do evento Compliance Fiscal, que discutiu o setor de cana-de -açúcar no Parque Tecnológico de Piracicaba.

Além dos desafios da cadeia produtiva sucroenergética, também foram abordadas as questões econômicas operacionais da safra canavieira e as soluções financeiras e tributárias para os produtores.

O organizador do evento, Ronaldo Knack (foto), destacou que o objetivo dos encontros é discutir o cenário atual do setor, que passa por uma grave crise, já tendo cortado 300 mil postos de trabalho nos últimos seis anos.

Além de Piracicaba, devem receber o evento as cidades de Sertãozinho, Araçatuba, Maringá e Belo Horizonte.

 

 

Fonte: Jornal de Piracicaba