A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), ligada ao governo federal, emitiu parecer técnico favorável para o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) de Piracicaba realizar testes no meio ambiente com a cana-de-açúcar geneticamente modificada, conhecida como cana BT, que é resistente à broca, praga que causa danos à cultura.
Os testes devem começar em 2015. Os experimentos serão realizados na estação experimental do CTC em Piracicaba, e nas estações experimentais da empresa SGS Gravena em Conchal/SP, Jaboticabal/SP, Uberlândia/MG, Rolândia/ PR e Montevidéu/GO.
A área total em que vão ocorrer os experimentos será de 10,80 hectares e área com OGM (Organismos Geneticamente Modificados) será de 8,88 hectares.
Segundo o gerente de biotecnologia do CTC, Alessandro Pellegrineschi, os testes com a cana BT no meio ambiente devem começar no próximo ano e o lançamento no mercado vai acontecer em 2017.
“Depois que finalizarmos os testes, o governo federal precisará regulamentar o uso da cana BT para ser comercializada no mercado. Mas durante os testes, as plantas geneticamente modificadas ficam devidamente identificadas com placas informativas e nós vamos poder analisar se os insetos estão, de alguma forma, evoluindo e se adaptando à novidade.”
O gerente destacou que a cana BT trará ganhos econômicos e sociais ao agricultor. “Além de facilitar o manejo da cultura, o uso de herbicidas necessário para o controle de pragas será reduzido drasticamente, e isso com certeza vai refletir nos custos do agricultor”, afirmou.
Ele disse que atualmente, de 8% a 10% da produtividade é perdida por causa da broca. “A praga vai morder a planta e depois disso ela não consegue mais ingerir nada, e acaba morrendo de fome.”
Pellegrineschi explicou que a qualidade da cana BT é igual ou superior às tradicionais. “O sistema agrícola precisa ser adaptado para o que o agricultor necessita, e a cana BT traz isso, é uma novidade que vai permitir que eles tenham uma cana de maior qualidade e mais resistente.”
O Jornal de Piracicaba teve acesso exclusivo ao laboratório do CTC, onde começa o processo de produção da cana BT.
O ambiente do laboratório é totalmente artificial, com luz e temperatura controlados, e o meio de cultura da planta é uma gelatina que contém todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.
Após seis meses, a planta sai do laboratório e passa para a estufa, e permanece lá entre 45 e 90 dias. Depois ela é plantada em vasos e podem permanecer lá por até um ano.
O pesquisador responsável pela estufa de biotecnologia, Silvio Cristofoletti, explicou que planta continua sendo monitorada dentro da estufa, mas que o controle é menor.
“Nos campos de rustificação em que realizaremos os testes, vamos descobrir como a cana BT vai responder quando plantada em solos e climas diferentes, e assim saberemos em qual clima ela se adaptará melhor.”
PESQUISA — O CTC realiza pesquisas relacionadas à transgenia desde 1994, quando foi responsável pela primeira transformação genética da cana-de-açúcar no Brasil, resultando em uma variedade de cana transgênica tolerante a herbicida.
“São 20 anos de trabalho voltados para o desenvolvimento de uma tecnologia que permitirá o crescimento das lavouras de cana de forma sustentável, com utilização de menor quantidade de recursos para obtenção de maior produtividade”, disse o gerente de biotecnologia do CTC, Alessandro Pellegrineschi.
Fonte: Jornal de Piracicaba