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Em 10 anos, Piracicaba deve crescer em ritmo superior ao Brasil

Os próximos dez anos de Piracicaba prometem ser promissores. Apesar da dificuldade atual da economia, em uma década, a cidade deve imprimir um ritmo mais acentuado de crescimento, baseado na projeção de retomada do setor sucroenergético e da indústria automotiva.
 
Esta é a previsão do economista Ricardo Amorim, que falou com exclusividade ao Jornal de Piracicaba sobre as expectativas para a cidade, que completou 248 anos.
 
“Dois fatores levarão Piracicaba a crescer fortemente nos próximos dez anos. A primeira delas é a expansão forte da indústria automobilística, que vai ser recuperada. O segundo semestre ainda vai ser ruim, mas ela vai se recuperar e será um dos motores da economia”, afirmou.
 
“A mesma coisa deve acontecer com o setor sucroenergético. O Governo vai ter que dar um jeito no etanol, que foi massacrado nos últimos anos. Resumindo: a região vai crescer muito mais que o país nos próximos dez anos”, disse o economista.
 
Amorim, que esteve na cidade recentemente, falou a empresários locais sobre a situação atual da economia e citou que a região, hoje entre as mais afetadas pela crise econômica, será justamente uma das mais beneficiadas posteriormente, graças aos fatores elencados acima.
 
Ainda sobre o setor sucroenergético, ele explicou que a demanda internacional por açúcar crescerá nos próximos anos o que, naturalmente, elevará o valor negociado pela commodity.
 
Somado a isso, no mercado nacional, a política governamental voltada ao incentivo do etanol beneficiará o setor, que tem tudo para voltar a crescer em breve.
 
Hoje, o setor sucro sofre as consequências da série de erros cometida nos primeiros anos do Governo Dilma (PT) quanto à política energética, que geraram uma condição de dificuldade em toda a cadeia. E, além das condições gerais da economia brasileira, a falta de confiança do consumidor, a inflação e a diminuição do crédito também têm impactado a economia piracicabana.
 
“Como a região também depende do setor automotivo, e gente sem crédito e sem perpesctiva não compra, sofre mais esses efeitos”, disse Amorim aos empresários locais.
 
CONFIANÇA — A visão de crescimento para a economia piracicabana citada por Amorim é compartilhada pelo representante do Simespi (sindicato patronal da indústria), Euclides Baraldi Libardi, que credita à coragem do empreendedor piracicabano e à diversificação da base produtiva uma parcela da responsabilidade pela retomada desse avanço econômico da cidade nos próximos anos.
 
“As projeções para Piracicaba nos próximos anos são boas e não se limitam a um setor, é geral, tanto na indústria, quanto no comércio e no setor de serviços. Embora o momento hoje seja difícil, até hostil, a qualidade dos empresários e das empresas aqui avançou muito nos últimos anos, temos empresários corajosos. Piracicaba em 2025, em 2030, será um modelo e uma das melhores do Estado e do Brasil”, afirmou.
 
Ele citou que a retomada do crescimento econômico não pode ser segurada e citou investimentos recentes anunciados para a cidade como prova disso.
 
Libardi pontuou ainda que a diversificação da base econômica foi muito expressiva nos últimos anos, com fortalecimento de outros setores da indústria e também do comércio e do setor de serviços.
 
“Hoje temos um segundo e um terceiro shopping em construção e isso só acontece porque há confiança na cidade. As nossas empresas não dependem de Piracicaba tanto quanto Piracicaba depende delas”
 
PIRACICABA SE DESTACA EM RANKINGS — Apesar do clima de instabilidade e da crise pela qual passam alguns setores da economia, Piracicaba, neste ano, demonstrou estar em destaque.
 
Em rankings divulgados por instituições e entidades que realizam pesquisas no país, o município ocupou posições importantes como em nível de riqueza e indicadores sociais, poder aquisitivo e potencial de consumo, além de estar entre as microrregiões mais competitivas do Brasil e do Estado.
 
Para especialistas, no entanto, somente estes indicadores não refletem a realidade do município como um todo. O momento de crise exige cautela em alguns aspectos e pode ser encarado, embora com otimismo, como oportunidade de reflexão.
 
Em abril, o Jornal de Piracicaba publicou que o potencial de consumo dos piracicabanos deve atingir a cifra de R$ 10,3 bilhões no decorrer de 2015. O levantamento foi realizado pela consultoria IPC Marketing.
 
O poder aquisitivo da população é cerca de R$ 1,2 bilhão maior que o registrado no ano passado e se enquadra como o 12º maior do Estado de São Paulo e o 46º maior do país.
 
A classe B é a que movimentará fortemente a economia piracicabana, respondendo pela maior fatia do consumo na cidade. Em junho, estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) Projetos apontou que a microrregião de Piracicaba é a 11ª mais competitiva do Brasil e a 6ª do Estado de São Paulo.
 
A análise considerou 558 microrregiões brasileiras e avaliou 14 dimensões que impactam diretamente no desenvolvimento do país, entre elas educação, saúde, logística, inovação, mercado e agricultura. A microrregião está entre as 20 melhores em educação básica, educação superior e profissional, infraestrutura social, inovação e tamanho de mercado.
 
A cidade também figura entre os municípios com mais elevado nível de riqueza e melhores indicadores sociais de todo o Estado. O dado é do IPRS 2014 (Índice Paulista de Responsabilidade Social), divulgado pela Fundação Seade.
 
O estudo caracteriza as cidades quanto a seu desenvolvimento humano e posiciona o município entre os 70 com melhores condições econômicas e qualidade de vida entre os paulistas.
 
CAUTELA — Para a professora do curso de Sociologia da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Conceição Fornasari, os dados refletem o desenvolvimento social, mas devem ser analisadas questões como saúde, educação, lazer cultura, o número de favelas, moradias populares entre outros fatores.
 
“O desenvolvimento econômico não garante qualidade de vida para a população”, disse. Para ela, é necessário ser otimista neste momento de crise, mas também enxergar os problemas e cobrar. “Não destruir tudo e falar que tem que mudar de país. Penso que a população deve saber cobrar, contribuir e fazer sua parte. Temos que ajudar a construir sim e nós somos importantes para definir os destinos de Piracicaba e do Brasil”, relatou.
 
Segundo ela, na situação de dificuldade, é sempre bom ter cautela. Mas nunca esquecer do otimismo. Para o doutor em Ciências Sociais, professor e membro do Nepo (Núcleo de Estudos de População) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), José Marcos Cunha, quando se reduz a empregabilidade, de fato, há uma preocupação por parte da população, mas é possível encarar a questão de forma mais tranquila já que o Brasil está “longe de ser um país fraco”.
 
“Tem capacidade de resposta”, disse. Segundo ele, nesse momento de crise, “a classe média sofre, mas a população de baixa renda ainda mais”, com a inflação, juros e os “municípios podem fazer muito pouco por isso”, por se tratar o crescimento econômico de outras esferas.
 
Com relação ao que pode ser feito pela população, Cunha destacou que é possível “exigir um serviço de qualidade” e cobrar do município o que é de sua competência, como serviços públicos. Apesar dos entraves, o professor citou que “somos muito melhores em termos sociais do que éramos no passado”.
 
Para ele, o momento de crise é de reflexão, especialmente, em questões políticas. “Refletir para votar melhor, especialmente no Legislativo, e não colocar (em cargos públicos) pessoas que fazem mal para o país”.
 
Fonte: Jornal de Piracicaba