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Estiagem preocupa os produtores agrícolas do Centro-Sul do Brasil

O cenário ainda é incerto, até porque não se sabe até quando vai durar a atual estiagem que afeta os estados do Centro-Sul do País. De qualquer forma, governo e produtores veem com preocupação o impacto da falta de chuva sobre a produção agrícola nacional, podendo atingir gravemente culturas como soja, milho, cana e café. Apesar de ser uma época do ano normalmente chuvosa, o último mês de janeiro foi o mais quente da história e também um dos mais secos.
A safra de grãos estimada para este ano era de quase 200 milhões de toneladas, o que seria mais um recorde. Mas as consequências de um início de ano atípico para a agricultura já podem ser mensuradas. Um dos primeiros prognósticos veio da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg). Segundo a entidade, a falta de chuvas no Estado desde meados de dezembro pode comprometer em 15% a produção de soja, ou 1,4 milhão de toneladas, o que representa um prejuízo de R$ 1,3 bilhão ao setor.
A estiagem afeta estados importantes para a produção nacional de soja, como Goiás, Santa Catarina, Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul. No Mato Grosso do Sul e principalmente no Mato Grosso a situação estaria um pouco melhor.


Cana-de-açúcar

Os canaviais também estão sofrendo muito com a estiagem. Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, destaca que em algumas áreas canavieiras as chuvas caem abaixo da média desde o final de 2013, há aproximadamente quatro meses. Mas, segundo ele, é necessário um estudo mais aprofundado para se medir os impactos da estiagem sobre a produção de cana-de-açúcar na próxima safra, que começa em abril.
Para avaliar a gravidade do cenário, basta analisar os dados registrados pelo Climatempo em São Paulo (maior produtor nacional de cana-de-açúcar), durante o mês de janeiro. Historicamente, o Estado tem chuvas entre 200 mm a 250 mm no primeiro mês do ano. Mas basta analisar as médias registradas em janeiro deste ano, nas diferentes regiões paulistas, para se verificar o tamanho do problema. No Norte do Estado, o acumulado de chuvas ficou entre 50 mm e 100 mm. Já nas regiões Leste, Sul e Oeste, ficou entre 100 mm e 150 mm. Já a temperatura média no período foi de 4 graus Celsius acima do normal.
No Oeste paulista as consequências da seca já estão sendo percebidas pelos produtores. E com projeções desastrosas. Segundo Eduardo Corbuci, diretor agrícola da Usina Diana, localizada em Penápolis, entre outubro do ano passado e janeiro deste ano choveu apenas 50% do que a média histórica para o período. E a estiagem continua em fevereiro. "A falta de chuvas foi maior entre dezembro e janeiro. Estimando que até 10 de fevereiro a estiagem continue, já prevemos uma perda de 25% do canavial." Cenário que pode piorar ainda mais se o tempo não ajudar na segunda metade de fevereiro e em março.
"O período de outubro a março é crucial para o desenvolvimento da cana. Por isso, a água é muito importante nessa época do ano, mesmo com sol e calor", explica Corbuci.
Por causa da estiagem, a Usina Diana, que na safra passada (2013/14) comemorou uma produtividade média de 95 toneladas por hectare, não apenas prevê quebra para o próximo ciclo, como ainda não iniciou o plantio de cana em 2014 e deve adiar o começo da moagem da safra 2014/15, que estava previsto inicialmente para 20 de março.
Segundo a Consultoria Canaplan, a tendência é de que o rendimento médio na safra 2014/15, que se inicia em abril, fique abaixo da média de 80 toneladas por hectare, podendo cair para 70 toneladas por hectare.


Fonte: UniversoAgro via Udop