Governo vai lançar selo verde para beneficiar produtos brasileiros
O governo vai lançar um selo para indicar a pegada de carbono de produtos fabricados no país. A ideia é informar consumidores domésticos e importadores sobre a quantidade de gases de efeito estufa que é gerada no processo de produção.
O objetivo do projeto, que está sendo tocado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em parceria com uma empresa britânica, é estimular empresas a adotar políticas mais ambientalmente sustentáveis e, ao mesmo tempo, permitir que a indústria tire partido de uma vantagem competitiva natural do país.
A avaliação é que, como a matriz energética brasileira tem uma participação importante de energia renovável, os indicadores tendem a ser relativamente favoráveis na comparação internacional.
"Como a gente tem uma matriz energética mais limpa, o aço brasileiro, por exemplo, provavelmente é um dos aços do mundo de maior sustentabilidade. A gente já sai com essa vantagem", afirma o secretário de Desenvolvimento da Produção do Mdic, Carlos Augusto Gadelha.
Suporte
A medição vai começar por 14 produtos de sete setores da indústria: aço, alimentos, alumínio, vidros, químicos, tecidos e cimento.
Empresas desses setores que aderiram voluntariamente ao projeto piloto já estão recebendo suporte para começar a fazer as medições com base em uma metodologia desenvolvida pela empresa britânica Carbon Trust, que permite comparações internacionais. Essa etapa do projeto é financiada pela Embaixada Britânica.
As certificações dessas medições, que indicarão as toneladas de dióxido de carbono emitidas na fabricação de cada produto, devem ser divulgadas até abril do próximo ano, segundo Gadelha.
A ideia do governo é, a partir de então, estender o programa aos demais setores da economia interessados. A adesão será voluntária e o custo da medição será coberto pelas próprias empresas.
A certificação será feita pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que ficará responsável pela emissão do selo.
Competitividade
Gadelha descarta a possibilidade de a atual crise econômica inibir a adesão das empresas ao programa. "A questão ambiental deixou de ser uma questão de boa vontade e passou a ser uma necessidade competitiva", diz.
Do ponto de vista de política pública, a iniciativa do selo se insere em um esforço de formular políticas de impacto mais horizontal.
Maurício Born, representante do Comitê de Sustentabilidade da Abal (Associação Brasileira do Alumínio), afirma que, apesar de a certificação não ser uma exigência legal nem ainda uma demanda do mercado consumidor nacional, a avaliação é que o diferencial da matriz energética mais limpa tende a ganhar peso gradualmente.
No caso do alumínio, setor que tem cinco empresas participando do programa, a preocupação maior é ganhar competitividade em relação aos produtos importados, principalmente da China, maior produtor mundial e país que tem uma matriz energética mais poluente do que a brasileira.
"Acho que cabe ao governo considerar a possibilidade de, no futuro, exigir dos produtos internacionais que tenham similar nacional a também informar sua pegada", afirma Born.
Fonte: Folha de S. Paulo via Revista Canavieiros