Grande ganho do acordo com União Europeia para Brasil é no agronegócio, diz FGV
O coordenador do núcleo de Modelagem do Centro do Comércio Global e Investimento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro da cátedra CCGI-FGV da Organização Mundial do
Comércio (OMC), Lucas Ferraz, informou que o setor da economia brasileira que ganha mais no acordo com a União Europeia é o agronegócio.
Conforme estudo da instituição, se o acordo fosse firmado agora, em 2016, as exportações do agronegócio brasileiro cresceriam 60,8% até 2030, enquanto as importações brasileiras de itens agrícolas do bloco europeu avançariam 36,4%. E é justamente esse setor que está causando polêmica nas tratativas de acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, já que um grupo de países europeus, liderado pela França, prepara uma ofensiva para bloquear um acordo que incremente de forma substancial as exportações de açúcar, carnes, entre outros produtos agrícolas do Brasil e de outros países do Mercosul para a União Europeia, mesmo se for adotado um sistema de cotas para esses itens. "A França e a maioria dos países da Europa negociam somente com a apresentação de estudo de impacto. Se isso está sendo utilizado como barreira ao acordo Mercosul-UE, não sei, mas essa postura precisa ser incorporada também pelo Brasil na cultura de comércio global", afirmou.
Ainda no âmbito dos benefícios do acordo com os países europeus para o Brasil, as vendas externas de manufaturas cresceriam 2,1%, enquanto as importações teriam alta de 17,5%; já as exportações da indústria extrativa recuariam 3,1%, mas as importações avançariam 9,1% e, em serviços, as vendas externas diminuiriam 4,3%, mas as importações aumentariam 17,7%. "O acordo com a União Europeia favoreceria um avanço do PIB nacional em 2,7%, ou US$ 82,89 bilhões por ano até 2030.
Sobre os fluxos comerciais, até 2030, as exportações brasileiras cresceriam 12,34%, enquanto as importações aumentariam 16,93%. Na corrente de comércio, o impacto chegaria a US$ 1,115 trilhão a mais no acumulado de 2016 a 2030", explicou.
Estados Unidos
Ferraz comentou, ainda, os benefícios de um acordo comercial do Brasil com os Estados Unidos. No total, um acordo com o mercado norte-americano permitiria um avanço no PIB nacional de 1,3%, ou US$ 38,3 bilhões por ano até 2030.
Sobre os fluxos comerciais, até 2030, as exportações brasileiras cresceriam 7%, enquanto as importações avançariam 7,5%. Na corrente de comércio, o impacto chegaria a US$ 580,27 bilhões a mais no acumulado de 2016 a 2030.
Já entre os setores, as vendas externas de manufaturados brasileiros se beneficiariam mais, com crescimento de 15%, enquanto as importações do setor nacional de produtos manufaturados norte-americanos aumentariam 8,6%.
No agronegócio, o aumento das exportações seria de 9,9% e o das importações, 8,4%. Já as vendas externas da indústrias extrativa cairiam 0,5%, mas a importações subiriam 5,1%. Em serviços, as exportações avançariam 1,8%, ao mesmo tempo no qual as importações aumentariam 5,6%. O especialista participa de evento de lançamento do estudo "Impactos para o Brasil de Acordos de Livre Comércio com Estados Unidos e União Europeia", da Amcham e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Fonte: Estadão Conteúdo via Cana Online