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Nissan faz pilha alimentada com etanol para aumentar autonomia de elétricos

O motorista para no posto por uns poucos minutos, enche o tanque com uma mistura de 55% de água e 45% de álcool e parte, silenciosamente, para encarar mais 600 quilômetros de estrada. Isto parece ficção, mas já está em desenvolvimento pela Nissan. A marca acredita já ter uma resposta para aumentar a autonomia de veículos elétricos sem precisar de longos períodos de recarga das baterias: é um sistema movido por uma Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC, na sigla em inglês), que gera energia elétrica a partir de etanol, água e ar.
 
Não se trata de um conjunto híbrido. O único motor aqui é elétrico (o mesmo do Leaf) e não há qualquer combustão. O funcionamento é complexo, mas pode ser resumido de maneira simples: o álcool e a água entram no sistema apenas para produzir hidrogênio, gás que será responsável por abastecer a pilha de combustível, gerando a eletricidade.
 
O tanque de combustível é conectado a um reformador catalítico. É onde o álcool — puro ou com até 55% de água — é aquecido e tem suas moléculas quebradas, num processo que resulta em hidrogênio, oxigênio e carbono. Os elementos são enviados para a célula de combustível, que transforma os dois primeiros novamente em água. Nesta etapa, a movimentação das partículas gera eletricidade.
 
A energia é armazenada em uma bateria de 24kWh, enquanto parte do gás carbônico volta para aquecer o reformador. O resto sai pelo escape, juntamente com a água na forma de vapor. Isto é uma das vantagens propostas pela Nissan — a do ciclo de carbono neutro: todo o gás liberado está na mesma condição em que é encontrado na atmosfera, e retorna à primeira fase do processo: a renovação da safra da cana de açúcar.
 
Pilha a combustível fica mais barata
 
Ao contrário de outros carros com pilha a combustível, os equipados com o SOFC não utilizam metais preciosos como a platina. Isso permite uma produção mais em conta.
 
Os custos de funcionamento também são bastante reduzidos. Um veículo a gasolina, por exemplo, gasta cerca de R$ 0,30 por quilômetro (considerando uma média de 8km/l e um preço de R$ 4 para o litro do combustível). O elétrico tem um gasto de R$ 0,09 por quilômetro, enquanto nesse novo sistema a rodagem custa R$ 0,10.
 
Uma grande vantagem da novidade é dispensar uma infraestrutura especial para a recarga de baterias ou encher o tanque com hidrogênio (um gás de manuseio delicado). Basta usar a atual rede de postos de combustíveis.
 
O protótipo apresentado pela Nissan no Rio é baseado no furgão elétrico e-NV200. Com 30 litros de álcool — ou "aquanol" —, o veículo é capaz de rodar mais de 600 quilômetros. Numa comparação com motores a combustão, é como se pudesse percorrer 20km/l. É esta relação que a marca japonesa espera explorar para atrair clientes que utilizam veículos comerciais. Segundo a fabricante, o SOFC também poderá fornecer energia, por exemplo, para um refrigerador, em um eventual transporte de produtos perecíveis.
 
Segundo a Nissan, o Brasil será um dos primeiros países a dispor do sistema, ao menos na fase experimental, por conta da abundância do biocombustível por aqui, já que o álcool é proveniente principalmente da cana de açúcar e do milho. Com relação ao "aquanol", será necessário criar uma estrutura para fazer a mistura — já que não bastará apenas abrir a torneira e jogar água no tanque.
 
Os testes em vias públicas acontecerão em parceria com empresas de transporte. No entanto, apesar de o veículo apresentado já ser totalmente funcional, a marca ainda não revelou uma data para o início das provas. A previsão é que a tecnologia e-Bio Fuel Cell esteja disponível no mercado global já em 2020. 
 
Fonte: O Globo via Revista Canavieiros