A Organização Internacional do Açúcar (OIA) projetou nesta terça-feira um déficit global de açúcar de 9,3 milhões de toneladas na safra 2019/20, o maior em 11 anos, embora o dado não inclua provisões para o impacto do coronavírus.
Em fevereiro, a organização havia previsto um déficit de 9,44 milhões de toneladas.
"Nossa avaliação, até maio de 200, é de que 2,1 milhões de toneladas em consumo foram perdidas, ou adiadas, devido à pandemia, mas com perdas potencialmente maiores a seguir. Isso...anula a maior parte do crescimento do consumo esperado para este ano", disse a OIA em uma atualização trimestral.
A entidade acrescentou que a perda estimada não foi incluída na projeção para 2019/20 porque sua alocação país a país "é impossível e o impacto total (da pandemia) ainda não está definido".
A OIA disse que uma revisão de médio prazo apontou para um déficit significativamente menor em 2020/21, de 6,9 milhões de toneladas, embora essa projeção leve em consideração um crescimento do consumo em linha com a média de 10 anos e o impacto do coronavírus sobre a demanda da próxima temporada também precise ser monitorado.
Os preços do açúcar bruto tocaram em fevereiro máximas em quase três anos, de 15,90 centavos de dólar, impulsionadas por preocupações com um crescente déficit global, mas desde então já caiu 30%, com o coronavírus afetando o crescimento mundial.
"Esse movimento (do preço) é contrário às perspectivas dos fundamentos para 2019/20, mas encontra óbvia ressonância nas perspectivas macroeconômicas e para os mercados de energia", disse a OIA.
A entidade projetou a produção mundial em 166,8 milhões de toneladas nesta temporada, com queda de 4,4% frente à safra anterior.
"A oferta de açúcar será definida pelos acontecimentos no Brasil nos próximos meses, uma vez que reduções na Tailândia, México e outros já foram levadas em conta", disse a OIA.
O órgão prevê o consumo em 176,1 milhões de toneladas em 2019/20, alta de 1,3% na comparação com a temporada anterior e em linha com as tendências atuais, embora excluindo impactos da Covid-19.
Maytaal Angel e Nigel Hunt / Fonte: Reuters via Portal Udop