O compromisso do Brasil de reduzir em 37% suas emissões de gases de efeito estufa até 2025 será atingido, disse quarta-feira(24) o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), Álvaro Toubes Prata. Segundo o governo, entre 2005 e 2015, o país conseguiu reduzir em cerca de 50% as emissões nacionais de gases que agravam o aquecimento global.
A meta foi firmada pelo país no âmbito do Acordo de Paris, em 2015, e também estabelece que a redução deve chegar a 43% em 2030, sempre em relação às emissões de 2005.
"O Brasil se colocou metas e tem cumprido essas metas. Através de políticas bem definidas, ações bem delineadas, temos monitorado o impacto causado e temos visto que nós cumpriremos o acordo. Estabelecemos para 2025 uma meta de redução de mais de um terço da emissão nossa em relação aos níveis de 2005. Não há dúvidas que vamos cumprir essa meta", disse o secretário durante o lançamento de uma pesquisa sobre as ações para atingir esse percentual.
Uma das consequências do agravamento do efeito estufa é o aumento da temperatura média da superfície da Terra, causando mudanças climáticas como chuvas intensas, secas, ondas de frio e de calor e afetando populações e até a dinâmica da economia. Aprovado por 195 países, o Acordo de Paris é uma tentativa de resposta global à ameaça da mudança do clima. Entre as metas está "conter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C [graus Celsius] acima dos níveis pré-industriais, além de envidar esforços para limitar esse aumento a 1,5°C até 2100".
Contribuições setoriais
Entre os pontos do estudo lançado nesta quarta-feira, está a definição do papel que cada setor econômico pode desempenhar para que o país cumpra a meta de redução de emissões. Para 2025, o custo com a implementação de medidas para a redução da emissão de gases de efeito estufa é estimado em US$ 1,7 bilhão. O cenário de 2030 é mais preocupante, uma vez que para o cumprimento das metas, o custo estimado é de US$ 11,1 bilhões.
Entre as principais medidas a serem implementadas, segundo o documento, estão a expansão das ações de redução do desmatamento; recuperação de pastagens degradadas; expansão do plantio de florestas comerciais; eficientização na recuperação de calor e vapor e troca de combustíveis em plantas industriais.
Também estão listadas a instalação de unidades de recuperação de vapor em plataformas de extração e produção de óleo e gás; a substituição de térmicas a carvão por biomassa e repotenciação de usinas hidrelétricas; o aproveitamento energético proveniente de resíduos sólidos urbanos e de estações de tratamento de efluentes para a produção de biometano e eletricidade; e mudança modal no setor de transportes.
De acordo com o professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Schaeffer, o desafio é trabalhar a mitigação dos danos de maneira integrada entre todos os setores da economia. O pesquisador destaca que o modelo vigente trabalha com estudos isolados para cada setor econômico, sem levar em consideração o impacto em outras áreas e cita como exemplo o setor de transportes.
"Uma boa redução da emissão de gases no setor de transporte é eletrificar o setor. Olhando isoladamente, alguém pode dizer que o potencial de mitigação é grande por meio da eletrificação. Mas se o setor elétrico sair de uma matriz de energia renovável e cair em uma matriz mais dependente de combustíveis fósseis a conta vai se sair toda errada", explica.
Fonte: Agência Brasil via Revista Canavieiros