A cana-de-açúcar, um exemplo de cultura renovável e versátil, continua sendo uma das principais fontes alternativas de energia no Brasil. Produtos como o etanol e a bioeletricidade, são exemplos significativos do grande potencial energético encontrado nos canaviais. A declaração de Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), durante sua participação no “3º Workshop How2Guide for Bioenergy – Brasil,” resume bem o papel estratégico da cana para a matriz energética brasileira.
Promovido entre os dias 28 e 29 de novembro, em Piracicaba (SP), pela Agência Internacional de Energia (IEA), em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), e com apoio do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e da UNICA, o evento faz parte de ações sequenciadas organizadas em diversos países, que levarão a elaboração de um guia que incluirá uma série de casos importantes para o desenvolvimento e implementação de projetos em bioenergia. A participação da entidade sucroenergética foi mais uma iniciativa do projeto que a UNICA mantém com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para disseminar o etanol brasileiro no mundo como um biocombustível limpo e renovável.
Com uma participação efetiva na geração de energia, tanto o biocombustível de cana quanto a bioeletricidade, segundo Farina, são os principais responsáveis pelo crescimento das fontes renováveis no Brasil. Com uma produção aproximada de 28 bilhões de litros de etanol por ano, o País responde por 25% da produção global e 37% das exportações mundiais do biocombustível. E por meio da queima do bagaço e da palha da cana em caldeiras, as cerca de 400 unidades industriais existentes geram eletricidade para abastecer suas próprias atividades, sendo autossuficientes. 40% dessas unidade também exportam energia para o sistema elétrico. Hoje o setor é responsável por 3,3% do consumo brasileiro de energia elétrica e com potencial de exploração equivalente a três usinas do porte de Belo Monte.
“Além de contribuir para a sustentabilidade ambiental, com qualidades reconhecidas internacionalmente, os produtos energéticos extraídos da cana não comprometem a produção de alimentos e são essenciais para a nossa matriz energética,” explicou Farina.
A presidente da UNICA enfatizou ainda as atuais adversidades enfrentadas pela indústria canavieira. Entre elas a urgência de políticas públicas que valorizem os benefícios da bioeletricidade e suas externalidades positivas, e a busca de uma maior eficiência dos motores flex utilizando o etanol.
Já o assessor Técnico da Presidência do CTC, Jaime Finguerut, destacou a importância do Guia e a exposição dos casos energéticos brasileiros. “O País é destaque mundial no uso de energias renováveis, e é importante trocar experiências e direcionar os interessados em implantar projetos similares de bioenergia,” afirmou.
Além dos representantes da UNICA e do CTC, participaram do evento o diretor do Departamento de Energias Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo de Gusmão Dornelles; o coordenador de Tecnologia do IEA, Simone Landolina; o responsável pelo Escritório da FAO no Brasil, Gustavo Chianca, entre outros especialistas de diferentes países. A publicação do guia está prevista para 2015.
Fonte: Única