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Raízen inicia atividades em sua planta de biogás

“A retomada não virá pelo motor consumo, mas sim pelo motor de investimentos”, afirma Guimarães

A Raízen iniciou as atividades da planta de biogás, em caráter experimental, este mês, afirmou o presidente da Cosan, Luis Henrique Guimarães. Localizada ao lado da unidade Bonfim, da Raízen, em Guariba/SP, a fábrica é uma joint venture com a Geo Energética, anunciada em agosto de 2018, e é a primeira no mundo em escala comercial a utilizar a tecnologia de conversão da torta de filtro e vinhaça, subprodutos da cana-de-açúcar, como matérias-primas para fabricação de biogás e geração de energia elétrica, com capacidade de produzir 138 mil MWh por ano. “A unidade começa em atividade experimental e estará funcionando em força total até o meio do ano”, disse Guimarães, que participou de live promovida, ontem, pelo Valor Econômico.

O executivo falou também sobre os desafios da iniciativa privada diante da pandemia, especialmente no que se refere aos setores em que a Cosan atua. A companhia criou comitês de crise e pós-crise para analisar o assunto e continua trabalhando duro como empresa, contando com times muitos fortes, cultura muito alinhada e trabalho em equipe.

 “Como fazemos parte das atividades essenciais, continuamos em funcionamento. É uma crise sem precedentes e ninguém tem as respostas certas. Chega de fla, flo, flu, precisamos entender que estamos escrevendo um novo capítulo na história da humanidade, de como é que se balanceiam saúde e economia, economia e saúde. É o mais difícil neste momento. Como é que a gente como executivo, como empresário e cidadão, equilibra tudo isso o tempo inteiro, pois tudo muda a todo momento”, elucidou.

Combustíveis

Na Raízen Energia, Guimarães informou que vai maximizar a produção de açúcar nesta safra. “Dados os preços do açúcar e os baixos preços do etanol, a gente entrou nessa safra com grau de precificação muito avançado na questão do açúcar, com mais de 80% já precificado em valores pré-crise e etanol em torno de 50 a 55%”, contou.

No caso da Raízen Combustíveis, o executivo informou que observaram queda de 50% nas vendas de combustíveis do ciclo Otto comparado com o consumo antes da crise, embora os níveis estejam subindo conforme a flexibilização do isolamento social. Mas ainda há uma dispersão grande no país, com maior consumo no interior do que nos grandes centros.

Já o consumo de diesel foi menos afetado, com reduções entre 20% e 25%, isso porque os produtos estão sendo movimentados, com a safra agrícola indo muito bem em várias regiões do país e com o início da safra do setor sucroenergético também.

Revisão dos contratos

Ele relatou também que, diante da queda brusca de demanda e desaceleração do consumo, com os preços do etanol em queda, safra em curso e problemas de armazenagem, foi necessário revisar os contratos com clientes e fornecedores. “A prioridade é abastecer o Brasil. Estamos aprendendo a ter responsabilidades, solidariedade e transparência. Não são conversas simples, mas teve bom senso entre todos os elos da cadeia, Petrobras, produtor de etanol, produtor de biodiesel e distribuidoras, e comportamento muito bom de todos para tentar achar uma solução e chegar a um termo que fosse factível de ser implementado”, explicou.

Retomada

O presidente da Cosan disse que é necessário um pacote de socorro do Governo, com consciência e visão setorial, diante dos problemas enfrentados pelo setor. Além da CIDE, uma medida destacada pelo executivo é a warrantagem que possibilitará o financiamento para armazenar um volume em torno de 6 bilhões de litros de etanol para ser vendido quando a demanda voltar, o que equilibraria, no primeiro momento, este início de safra.

Destacou também a relevância da Política Nacional de Biocombustíveis. “O RenovaBio é um programa importante para fazer o reconhecimento das externalidades do etanol e para o Brasil poder, mais uma vez, mostrar ao mundo que temos a matriz mais limpa de transporte e energia e continuar escalando a participação dos biocombustíveis na matriz energética com mecanismo de mercado, que é o programa”, afirmou.

Para ele, as empresas que vão sair bem da crise são as que têm um time muito forte, muito unido, com uma cultura muito forte nos negócios. “São as que vinham investindo em capital humano, pois ativos são importantes, mas gente é que faz a diferença neste momento”, ressaltou.

Guimarães disse ainda que é preciso a união e esforço de todos para a reconstrução e desenvolvimento do país. “Vivemos épocas de enormes incertezas, não sei quando vai voltar e com qual intensidade vai voltar à normalidade. É importante não parar as reformas e processos de simplificação e de garantia de um ambiente melhor para investimentos. A gente vai precisar investir muito no país nos próximos anos, pois a retomada não virá pelo motor consumo, mas sim pelo motor de investimentos”, concluiu.

 

Fonte: Jornal Cana