RenovaBio discutiu PolÃtica Nacional de BiocombustÃveis
Produtores de cana e as usinas de etanol terão novas perspectivas
Agentes do setor sucroenergético, representantes de entidades de classe, gestores públicos e membros da academia participaram, na manhã da última sexta-feira (23), do 1º Encontro Técnico do RenovaBio. O objetivo do evento - realizado no anfiteatro do Pavilhão de Engenharia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) - foi a discussão das mudanças provocadas no dia a dia das usinas de etanol e dos produtores de cana-de-açúcar, após a implantação da Política Nacional de Biocombustível.
O encontro foi realizado pelo Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em parceria com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
Elizabeth Farina, diretora-presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), disse que o primeiro benefício com a implantação do RenovaBio é que “os produtores de cana e as usinas de etanol terão uma perspectiva de médio e longo prazo, que é algo que há muito não se tem”.
“Como o objetivo do RenovaBio é a redução de emissões de gases do efeito estufa, isso trará uma nova coleção de indicadores para a usina acompanhar”, declara a dirigente da Unica. Pedro Mizutani, presidente do Conselho Deliberativo da Unica e vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen, disse que ainda há muita dúvida em relação ao RenovaBio.
“Muita gente acha que é uma lei que veio ajudar os usineiros. Mas a RenovaBio vem para ajudar o Brasil a cumprir os compromissos que assumiu em Paris, na COP 21 (Conferência do Clima, realizada em 2015), a mitigar os efeitos da emissão de gases do efeito estufa e, ao mesmo tempo, dar uma segurança energética em termos de abastecimento”, afirmou o executivo.
“Por isso que esse encontro foi importante. Porque reuniu representantes da universidade, agentes do governo, na ANP (Agência Nacional do Petróleo), do Ministério de Minas e Energia e os ‘players’ do setor sucroenergético”, acrescentou.
A articuladora do 1º Encontro Técnico sobre o RenovaBio, a professora Mirian Rumenos Piedade Bacchi, que é chefe do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ressaltou que diferentemente de outros Programas de incentivo aos biocombustíveis desenvolvidos em outros países, “o RenovaBio, que é semelhante ao adotado nos Estados Unidos por força do Renewable Fuel Standard (RFS), tem, como ferramenta principal, a troca de certificados de redução de emissões, medida em tonelada de carbono”.
“Ao estabelecer diferenciação entre fontes alternativas de energia, com base na capacidade de cada uma em favorecer aspectos climáticos, deve-se, gradativamente, ampliar a participação do etanol no consumo total de combustíveis, também em expansão”, analisou Mirian.
RenovaBio já é um caso de êxito
Em sua fala inaugural, o Luiz Gustavo Nussio, diretor da Esalq, comentou que estava testemunhando “um caso raro de euforia econômica”. “É provável que em toda a Economia Brasileira, a Agricultura seja um dos poucos locais que possa, de fato, criar um ambiente de recuperação e de orgulho nacional. E eu não vejo, dentro do setor de Agricultura, no momento, uma organização tão bem feita como o RenovaBio que possa ser protagonista disso”, avaliou Nussio.
De acordo com o diretor da Esalq, além do caráter ambiental e de trazer uma nova organização para o setor, o RenovaBio traz embutido um caráter “emblemático e simbólico que é a recuperação da percepção de pujança”.
O desafio das diferentes competências técnicas da sociedade envolvidas com a confecção final do RenovaBio, diz Nussio, é assegurar que ele será um “arcabouço técnico-científico sólido e sustentável que mostre que há sensatez na proposta”.
“É natural que ao fazê-lo vamos ter que conversar bastante, teremos que escutar diferentes narrativas, teremos pontos a serem esmiuçados e discutidos. Mas eu creio que a casa cheia aqui mostra que estamos dispostos para isso”, afirmou.
Fonte: Gazeta de Piracicaba