Representantes do setor sucroalcooleiro do Estado de São Paulo definiram, dia 31 de janeiro, uma agenda de encontros regionais para enfrentar, efetivamente, a crise vivida por toda a cadeia produtiva. Em reunião realizada na sede da Orplana, em Piracicaba, integrantes da Amcesp (Associação dos Municípios Canavieiros do Estado de São Paulo), da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) e da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) apresentaram calendário com programação de fevereiro a maio em Araçatuba, Araraquara, Vale do Paranapanema, Jaú, Piracicaba, Ribeirão Preto/Sertãozinho e Catanduva.
"Estamos precisando de um trabalho incisivo, liderado pelo Estado de São Paulo, como foi feito no passado, quando conseguimos aprovar o Pacto pelo Emprego no Setor Sucroenergético, no final dos anos 90", declarou o presidente da Amcesp, Antonio Carlos Mendes Thame. "Nós mostramos que iria haver uma quebradeira geral das usinas e, com isso, um desemprego geral no setor. Com o apoio dos sindicatos, do governo do Estado, conseguimos evitar essa situação". Ele destacou que o momento atual é similar: "Por isso, vamos fazer uma série de reuniões de fortalecimento das regionais da Amcesp, para envolver os municípios que notadamente estão perdendo arrecadação e têm uma motivação fortíssima para entrar nessa briga em que as bandeiras do setor industrial e do setor agrícola são as mesmas. Vamos ouvir os produtores de cana para que possamos encaminhar propostas conjuntas, de uma forma incisiva".
O presidente da Afocapi (Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba) e tesoureiro da Amcesp, José Coral, relatou que a situação dos produtores tem sido crítica nos últimos anos e regiões como Piracicaba sofrem prejuízos, inclusive, com a mecanização, em função da declividade. "Nossos custos do corte estão altíssimos e se esse quadro não for revertido, não temos como fechar a conta", declarou.
"A única solução é darmos as mãos com todo o segmento da cadeia produtiva para podermos mostrar a nossa força", ressaltou Pedro Luiz Lorenzetti, vice-presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) e diretor da Amcesp.
O presidente da Abag e vice-presidente da Amcesp, Caio Corrêa Carvalho, destacou a necessidade de olhar toda a cadeia produtiva e propor uma política integral. "É essencial lutarmos por isso, porque estamos falando de tecnologia, de diversificação, de políticas a longo prazo. Temos que defender a grande diversificação, com o uso da biomassa. Mas é preciso que haja políticas públicas para reduzir os custos da produção", afirmou, lembrando que o custo do etanol americano chegou a US$ 0,40 graças ao uso dos subprodutos - agregando valor - e da redução do custo de energia para as usinas com o uso do gás de xisto. "Temos que mostrar que a cadeia do etanol é produtiva e lembrar que São Paulo responde por 62% da produção do centro-Sul do país, que é mais da metade da produção do Brasil. Por isso, o movimento tem que sair de São Paulo", disse.
As reivindicações iniciais da pauta apresentada no encontro em Piracicaba incluem a uniformização pelos estados da cobrança de ICMS incidente sobre o etanol hidratado, com base no que é cobrado em São Paulo, aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, de 25% para 27,5%, aumento da mistura no biodiesel mineral, de 5% para 7% e projeto de lei que permita a venda direta de etanol hidratado da unidade produtora para órgãos públicos.
Fonte: Biocana