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Setor sucroenergético é referência no controle de pragas

Desde 1970, graças ao trabalho de excelência realizado por diversos centros de pesquisas do segmento sucroenergético nacional, produtores vêm reduzindo significativamente a aplicação de produtos potencialmente nocivos ao meio ambiente em suas lavouras. Dentre as muitas culturas agrícolas existentes no País, a atividade canavieira é uma das que menos fazem uso extensivo de agrotóxicos para combater pragas e aumentar a produtividade. Segundo dados do Instituto Biológico (IB), em 2015, aproximadamente 30% dos canaviais nacionais foram tratados com agentes não-químicos no combate à broca e à cigarrinha, que mais causam danos à cana no Brasil.
 
O diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, ressalta que este avanço em direção a uma produção sustentável torna cada vez mais o setor sucroenergético do País um case de sucesso em relação ao desenvolvimento da biodiversidade no campo. “Ao incorporar o controle biológico no processo de cultivo nestes últimos 40 anos, agregamos ainda mais valor à produção, o que faz da cana brasileira uma referência global pela redução de impactos à natureza ao mesmo tempo em que fornece alimento e energia renovável para o mundo”, afirma o executivo.
 
A pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Leila Luci Dinardo-Miranda, acredita que o uso de defensivos na cana deverá se ser reduzido ainda mais nos próximos anos. “O controle biológico é uma ferramenta para o manejo integrado de pragas. O que nós do IAC buscamos é implementar um programa amplo, que inclui controles biológico e químico, além de tratos culturais. Tudo isso para manter a sustentabilidade da cultura, fazendo uso racional de produtos agrícolas que provoquem danos ambientais”, explica a especialista.
 
Atualmente, a maior praga nos canaviais é a Broca-da-cana, uma lagarta que devora a biomassa da planta, resultando em perda de peso e morte de gema. Para combater a infestação, são utilizados duas espécies de insetos: a Trichogramma galloi e a Cotesia flavipes.
 
Outra peste presente em quase todas as regiões canavieiras do País é a Cigarrinha-da-raiz, que deposita seus ovos próximo ao colmo da cana, causando reduções no teor de açúcar e na capacidade de moagem. Nos últimos anos, tornou-se relevante no Estado de São Paulo, onde mais de 90% da colheita sucroenergética é mecanizada. Áreas com cana crua colhida acumulam palha no solo, cuja umidade favorece o aumento o desenvolvimento desta praga. A cigarrinha-da-raiz pode ser controlada pela aplicação de Metarhizium anisopliae, também chamado de fungo-verde.
 
Segundo dados do Instituto Biológico (IB), são 3 milhões de hectares tratados com Cotesia flavipes e 1,5 milhão de hectares com Metarhizium anisopliae no Brasil. “Para a broca, o uso de vespas é bem eficiente. No caso da cigarrinha, ainda precisamos aprimorar a aplicação de fungos”, avalia a Leila Dinardo-Miranda, do IAC.
 
Fonte: Unica via Cana Online