Usinas recebem maiores valores do ano por etanol
O valor pago pelas distribuidoras às usinas pelo etanol atingiram os melhores desta safra nessa semana. O aumento impulsionado pela alta da gasolina já passa de 10% em menos de um mês e acabou sendo repassado aos consumidores.
A alta no preço do etanol nas bombas foi motivada pelo que chamam os especialistas de “efeito psicológico”, já que o aumento nos combustíveis fósseis devem impulsionar imediatamente a demanda pelo biocombustível.
No comércio entre as distribuidoras e as usinas, a diferença dos preços praticados há 15 dias já é de 13%. No dia 25 de setembro, o litro do etanol hidratado estava R$ 1,50; atualmente, segundo o analista de mercado Vitor Andrioli, da INTL FCStone, a média de comercialização gira em torno de R$ 1,70.
Isso está R$ 0,15, R$ 0,20 acima dos preços negociados na última semana, então foi um ganho significativo, e já na data do aumento do aumento da gasolina. Claro que esses preços devem se ajustar ainda. Ontem [dia 30] foi um dia de correria no mercado, em função da surpresa. Provavelmente nos próximos dias nós vamos ver aí com mais clareza o patamar de preços para o etanol, afirmou.
O presidente da Associação de Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi), José Coral, vê o aumento como uma boa notícia em tempos difíceis para o produtor.
Hoje nós estamos recebendo pela tonelada de cana de R$ 62 a R$ 65, em média, e o custo está mais de R$ 70. Então tem que subir. Se não subir, cada vez mais dificuldade, piora a produção, então tem que aumentar. O etanol ficando 70% a paridade com a gasolina, ele é competitivo, disse.
A dúvida agora é se a oferta de cana de açúcar vai atender a maior demanda pelo etanol no mercado brasileiro. Na região de Piracicaba, a colheita está paralisada há seis dias e novos volumes de chuva podem comprometer os estoques nacionais. Um levantamento da Afocapi estima que a cada dia que o Centro-Sul do país deixa de moer cana de açúcar, o país perde 3 milhões de toneladas da safra que termina de ser colhida em dezembro.
O que preocupa é se nós vamos colher todas as canas. Nós já perdemos, só no mês de setembro, mais ou menos 15 dias por chuva. A chuva é importante, mas no nosso setor ela atrapalha a colheita. Se colher toda a cana, nós vamos ter uma produção superior 20% em matéria prima, onde vai ser priorizado mais o etanol, afirmou Coral.
A gente constituiu muito poucos estoques nesta safra no Centro-Sul. Os produtores, em crise, eles optaram por vender toda produção de etanol, foram poucos os produtores que constituíram estoques então segundo os últimos dados do Mapa [Ministério da Agricultura]. Os estoques de hidratado estão cerca de 10% abaixo do que foi na primeira quinzena de setembro de 2014, e anidro 18% abaixo. Então [os estoques] estão abaixo do que foram no ano passado e se a gente tiver um fim de ano chuvoso, esses estoques podem continuar caindo, disse o analista da INTL FCStone.
Fonte: Canal Rural via Revista Canavieiros