Etanol impulsionará carro hÃbrido mais ecológico do mundo
Modelo pioneiro em desenvolvimento no Brasil vai incorporar a tecnologia flex e agregar ainda mais sustentabilidade com o uso do etanol
O CEO da Toyota América Latina, Steve St. Angelo, revela o comprometimento e otimismo da montadora japonesa em relação à fabricação do primeiro automóvel movido por propulsão elétrica em alternância com um motor flex a combustão, que poderá receber etanol e/ou gasolina: “Será o híbrido mais limpo do mundo (...) não precisa de infraestrutura de recarga de baterias e representam a melhor solução para cidades congestionadas. São silenciosos, limpos, muito econômicos e não sobrecarregam o sistema elétrico. Por isso, no momento, essa é a melhor opção de eletrificação para o Brasil. A tecnologia está pronta para uso por preço cada vez mais acessível. Melhor ainda se for um híbrido a etanol”.
“Entre março e abril deveremos ter novidades [do projeto]”, complementou Steve St. Angelo em entrevista a jornalistas latino-americanos durante a realização do Salão de Detroit, nos EUA, conforme informações do site Automotive Business. Desde outubro de 2017, a Toyota vem testando um protótipo híbrido flex e estabelecendo parcerias com instituições de renome, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Brasília (UnB).
O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, observa que os carros com propulsão híbrida, sinônimos de eficiência ambiental e econômica por causa da baixa emissão de poluentes atmosféricos, de gases de efeito estufa e de baixo consumo de combustível, poderão incrementar ainda mais estes atributos com a adoção da tecnologia flex, especialmente quanto o motorista abastecer com etanol. “Considerando todo o ciclo de vida do produto, do canavial ao escapamento, o biocombustível feito a partir da cana emite até 90% menos gás carbônico (CO2) do que a gasolina. Vale ressaltar também que desde 2015, o combustível fóssil leva até 27% do renovável em sua composição”, ressalta, o que contribui para diminuir o potencial poluidor da gasolina.
O executivo da UNICA considera que a utilização direta do biocombustível em híbridos é uma solução inteligente que alia eficiência energética a desempenho, e que sem dúvidas será uma referência de mobilidade sustentável. Szwarc enfatiza que “o pioneirismo do Brasil e a expertise acumulada na produção em larga escala de etanol e carros flex representam uma excelente oportunidade para o desenvolvimento desse tipo de veículo, que também poderá ser comercializado em outros mercados, onde o uso de etanol já é uma realidade, como EUA, Canadá, Suécia, Argentina, Paraguai, Uruguai e Colombia."
“Ávida por tecnologias que viabilizem a fabricação em massa de veículos cada vez mais modernos, menos poluentes e baratos, as montadoras veem no Brasil uma infraestrutura consolidada de produção e distribuição do produto”, conclui o executivo da UNICA. Em recente entrevista ao Portal G1, o presidente da Honda para a América do Sul, Issao Mizoguchi, ressaltou os benefícios socioeconômicos do biocombustível: "Nós sabemos que o álcool não é só reconhecido como combustível, mas também gera riqueza no país, empregos”.
O combustível renovável, produzido há mais de 40 anos no País, também está nos planos de outra grande marca japonesa, a Nissan. Em 2016, a empresa iniciou o desenvolvimento de um sistema de Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC, em inglês), que extrai hidrogênio do etanol (anidro ou com hidratação de até 55% de água) para gerar eletricidade em veículos 100% elétricos. A inovação resolve um importante “gargalo” que limita a expansão comercial dos automóveis com célula de combustível, que é o alto custo e a falta de uma rede de postos de recarga de hidrogênio.
Fonte: Unica