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Raízen investe em comercialização de energia elétrica

Reforçando a estratégia de se consolidar como uma empresa relevante também no setor de energia elétrica, a Raízen vai entrar no segmento de comercialização, por meio de uma parceria com a empresa local WX Energy.
O objetivo é se posicionar para o que a companhia vê como uma "tendência universal de eletrificação da matriz de energia global, com uma demanda cada vez maior por energia", disse, em entrevista ao Valor, João Alberto Abreu, vice-presidente executivo de etanol, açúcar e bioenergia da Raízen.
 
Com pouco mais de três anos de atuação, a WX Energy, comercializadora fundada por Daniel Sica e Luiz Henrique Macêdo, atingiu a marca de 4 mil gigawatts-hora (GWh) negociados em 2017, com faturamento de R$ 1,1 bilhão no período. A Raízen vai passar a ter 70% na "nova" WX Energy, sendo que os atuais sócios da comercializadora ficarão com os 30% restantes.
 
A controlada da Cosan e da Shell não informa o valor do investimento, mas trata a empreitada como uma joint venture no segmento de comercialização de energia.
 
A tendência de expansão do mercado livre de energia também justifica a decisão pelo investimento. Hoje, o mercado livre representa cerca de 30% dos contratos de energia, sendo que os 70% restantes estão no mercado regulado, das distribuidoras. "Vemos o livre alcançando um equilíbrio com o regulado", disse Abreu.
 
"O mercado de energia brasileiro deve ficar cada dia mais sofisticado e livre, em função não apenas de novas plataformas, mas também por mudanças no marco regulatório", afirmou.
 
Segundo Abreu, o grande segmento de atuação da nova comercializadora será nos negócios de compra e venda de energia, atividade já explorada pela WR Energy, que é especializada em "precificar o clima" e fazer a gestão de risco dos contratos de energia.
 
Meta é que essa nova atividade passe a representar metade do negócio de energia da empresa no longo prazo.
A Raízen não descarta, porém, investir em novos ativos de geração voltados para o mercado livre, e também avalia diversificar a atuação da comercializadora para se focar também na gestão de clientes. De acordo com Marcelo Couto, diretor de bioenergia e de fusões e aquisições na Raízen, a comercializadora pode aproveitar, por exemplo, a carteira clientes industriais da companhia, além dos mais de 6.500 postos de gasolina.
 
No médio a longo prazo, a ideia é que as atividades de comercialização de energia representam metade do negócio do seu braço Raízen Energia. Nos nove primeiros meses do ano fiscal 2018, concluído em dezembro, a empresa somava receita líquida de R$ 5 bilhões, e lucro líquido de R$ 372 milhões. No mesmo período, o Grupo Raízen como um todo, incluindo a Raízen Combustíveis, somou uma receita de R$ 63,4 bilhões, e lucro líquido de R$ 1,6 bilhão.
 
Hoje, a Raízen tem 1 gigawatt (GW) de potência instalada em ativos de geração de energia por meio de usinas térmicas a biomassa, que utilizam o bagaço da cana-de-açúcar. Cerca de um terço da energia gerada é consumido pelas atividades da própria companhia. Do restante, cerca de 70% está contratado por meio de leilões das distribuidoras, e os outros 30% são comercializados no mercado livre.
 
Não necessariamente essa energia descontratada será comercializada exclusivamente via a nova comercializadora do grupo, uma vez que a estratégia vai depender dos preços de energia e das condições de mercado.
 
O mesmo vale para eventuais novos ativos de geração nos quais a Raízen venha a investir. Como a companhia tem ao redor de 500 mil hectares de terras, grande parte cercada por projetos de geração já interligados ao sistema, pode haver sinergias em futuros projetos de geração solar. O modelo de novos projetos deve ser "híbrido", com a venda de um percentual dos ativos em leilões regulados, que garantem um contrato de longo prazo. "Mas sempre com um percentual voltado para o mercado livre, que sempre dá a oportunidade de aproveitar as volatilidades de preços", afirmou.
 
A Raízen também tem interesse em desenvolver uma plataforma de projetos de geração distribuída, o que pode agregar valor à atividade de energia. 
 
 
Fonte: Valor Econômico via Cana Online